Edição 232 - JANEIRO 2013 - FERNANDO BELTRAMI
Conforme o treinamento avança, é necessário correr mais para atingir seus objetivos. Além das sessões se tornarem mais longas, pode ser preciso também treinar mais dias na semana. Mas como estabelecer o quanto de corrida fazer?
Quando se pensa no treinamento
de um corredor, seja ele do nível que for, um dos primeiros passos é
delimitar o volume de treino que será realizado. Em um universo em que
algumas pessoas treinam 15-20 km por semana enquanto outras fazem até
250 km semanais, é difícil saber o quanto é preciso para atingirmos
nossos objetivos
pessoais. Definir o volume e a frequência semanal de treinos é uma
tarefa ingrata, pois não existe uma relação dose-resposta clara entre a
milhagem percorrida em treinos e o resultado em provas. Além disso, em
casos extremos a relação pode inclusive se inverter, e culminar em um
processo por causa do qual o aumento na frequência semanal de treinos
resulta em quedas de performance.
Mas
por que então é necessário aumentar o volume de treinos de um corredor?
A resposta para esta pergunta inclui uma série de fatores, mas o
principal é oferecer ao organismo uma estrutura adequada para suportar
os treinos mais intensos, que também são mais agressivos. A relação
entre volume e intensidade dentro do treinamento pode ser vista como uma
pirâmide, na qual a base é formada pelo volume e a altura é determinada
pela intensidade dos treinos. Existe uma proporção ideal entre estes
dois para que a pirâmide tenha uma estrutura saudável, nem muito chata e
nem muito esguia. Assim, ao mesmo tempo em que se aumenta a velocidade
de corrida, é necessário elevar também o volume de treinos, a fim de
diminuir o risco de lesões. Essa relação existe porque algumas
estruturas, como os tendões, por exemplo, respondem melhor
ao treinamento de altos volumes, enquanto o sistema cardiovascular, por
outro lado, responde melhor a treinos de alta intensidade.
Rotinas
e possibilidades de cada um à parte, vamos partir da recomendação
clássica que sugere a realização de exercícios aeróbicos de 3 a 5 vezes
por semana, com duração entre 20 e 60 minutos. Apesar de gerais, o
conceito por trás dessas guias se aplica também para outros objetivos: a
frequência e o volume de treinos devem ser pensados buscando o maior
aumento possível de performance, com o menor risco de lesões para o
organismo.
3
A 5 É O IDEAL. A média de 3-5 vezes por semana é recomendada porque é a
combinação ideal de cargas de treino que possibilitam maiores ganhos de
performance (sobre uma ou duas sessões semanais) e menores riscos de
lesão (sobre 6 ou mais sessões semanais). Isso ocorre porque treinamento
físico é, essencialmente, uma sequência de "agressões" ao organismo.
Agredimos o corpo, ele se ressente e se adapta. Essas adaptações, no
entanto, possuem um prazo de validade, ou seja, elas se perdem caso não
haja um novo estímulo.
Assim, treinar
uma ou duas vezes na semana acaba sendo muito pouco para corredores de
nível moderado para cima, pois os efeitos de uma sessão se perdem até
que a próxima seja realizada, ao passo que treinar muitas vezes na
semana não permite que o organismo se recupere entre uma sessão e outra,
a não ser em atletas de altíssimo nível.
Mesmo
eliminando os extremos, ainda existe uma grande diferença entre treinar
três ou cinco vezes na semana, por exemplo. Como se chega à escolha?
Esta decisão é tomada essencialmente com base no volume total de treino
de cada corredor. Conforme os objetivos de prova e de performance de
cada corredor sobem, o volume de treinos também aumenta, como vimos
anteriormente. Mesmo com um aumento suave e gradual, porém, o volume de
treino pode atingir valores muito altos para uma única sessão de treino,
e é nesse ponto que se deve pensar em incluir um treino a mais na
semana (ver gráfico). No exemplo, a planilha do corredor prevê um
aumento de cerca de 10% de volume a cada semana. Após uma série de
aumentos sucessivos, incluir uma sessão a mais de treinos por semana
dissolve o volume de cada sessão, permitindo ao corredor retornar ao
volume diário do início da série e iniciar uma nova série de aumentos de
volume.
Em todo o programa de
treinos, seja para um iniciante ou para ou corredor experiente, deve-se
começar de baixo, utilizando-se cargas que com certeza estão dentro das
capacidades do organismo. Com o passar das semanas, estas cargas deverão
se intensificar, e na medida em que elas se tornem muito exaustivas
para uma única semana, deve-se considerar dissolvê-las em mais sessões.
Contudo, é importante monitorar o intervalo entre os treinamentos, pois o
aumento do volume não pode ser conseguido à custa de uma perda de
qualidade dos treinamentos, que é o objetivo principal.
GRÁFICOS. Os gráficos
mostram a progressão de volume semanal para dois corredores
hipotéticos, de níveis diferentes. As colunas representam o volume
semanal total, e as linhas o volume médio de cada sessão. Em ambos
exemplos, o corredor aumenta de três para quatro sessões semanais entre a
3ª e a 4ª semana. Repare que a inclusão de um dia de treino a mais
permite que ele retorne ao seu volume diário inicial ou até um pouco
menos, possivelmente facilitando a manutenção da intensidade das
sessões.
Fonte: http://revistacontrarelogio.com.br/materia/quantas-vezes-devo-correr-por-semana/
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