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Dicas de Ouro para Corredores
Compiladas
por Osvaldo Maldonado Sanches Atleta vinculado à ABRAVA e ABRAM |
Parte 6 - Lesões: Prevenindo e Tratando
“Quanto maior o período sem a ocorrência de lesão, maior a probabilidade de que esta venha a ocorrer.”
Evitar as lesões: a prioridade maior: Cuidar
bem da saúde e evitar lesões são prioridades maiores que os
treinamentos sistemáticos e participações em provas. Para tanto existem
três grupos de cuidados básicos: a) alimentação adequada; b) treinamento
bem orientado; c) equipamentos apropriados. Quanto ao primeiro grupo,
importa assegurar a adequada reposição dos elementos necessários: ao
equilibrado funcionamento do corpo (oligoelementos e gorduras); à ação
restauradora em músculos e outros tecidos (proteínas); e à recomposição
dos estoques de energia (carboidratos). Em relação aos treinos: iniciar,
sempre, pelo aquecimento prévio; assegurar gradualismo na evolução
destes; evitar trajetos que sobrecarreguem apenas um lado do corpo
(fazer inversões); e assegurar repouso apropriado (que deve ser
compatível com a idade do atleta). No que tange aos equipamentos
adequados, os principais cuidados são: usar calçados adequados (como
salientamos ao falar dos equipamentos básicos) e cuidar bem dos pés
(aparando as unhas – que quando compridas geram lesões pelo repetido
impacto contra o calçado – e aplicando vaselina nas unhas e áreas
sujeitas a atrito). No caso de corridas longas, fazer um tratamento
especial nos pés na semana que a antecede, aplicando, todas as noites,
leve camada de vaselina nos pés, sobretudo nas calosidades e/ou trincas e
vistindo meias macias e folgadas. Com isso a pele dos pés ficará
amaciada e lubrificada, dificultando a formação de bolhas e/ou
ferimentos pelo seu repetido atrito com o calçado.
Grandes incrementos... grandes tormentos:
Um dos erros mais comuns entre atletas principiantes é o de organizar
seus programas de treinamento com incrementos semanais de vários
quilômetros. Esse é o caminho certo para acarretar lesões. Para obter
bons resultados, sem incorrer em lesões, o atleta deve evitar a elevação
de sua “milhagem” ou tempo semanal de treinos (de velocidade, em
ladeiras, na musculação, etc.) em mais de 10% por semana, bem como a
duplicação da carga semanal em menos de seis meses. De modo geral, após
duas semanas de acréscimo limitado (10% por semana) é conveniente
realizar, na semana seguinte, um decréscimo de 10 a 15%. No caso de
iniciantes, os incrementos semanais devem ser em termos de uns poucos
minutos e não de vários quilômetros. A regra básica, para todos, é
evitar excessos nos treinos, sobretudo no caso de atletas que não contem
com a assistência de treinadores experientes. O excesso – que implica
falta de descanso – leva ao “stress” físico, o qual: a) deprime o
funcionamento do sistema imunológico, tornando o corpo mais sensível a
infecções respiratórias; b) leva a danos crônicos nos ligamentos
(tendinites) e a rupturas musculares; c) gera perturbações no sono, no
humor e nas funções cognitivas (ansiedade, insônia, etc.); d) causa
vários outros problemas. Tais, afastam o atleta, por muito tempo, de
suas corridas.
Treinos lesionam e condicionam, descansos curam e fortificam:
Sempre que um exercício é praticado com certa intensidade – como tende a
ocorrer com a corrida (que é esporte de impacto) – são produzidas micro
lesões nos músculos e ligamentos. No processo de reparação dessas
lesões, que ocorre principalmente durante o sono, pelo uso de proteínas e
de outros materiais mobilizados pelo organismo, esses tecidos são
adensados e fortalecidos. Porém, para que esse processo seja eficaz é
necessário um período de aproximadamente 36 horas (nas pessoas de idade
adulta) sem novas lesões nas mesmas fibras musculares ou ligamentos. É
por essa razão pela que se recomenda intervalos/descansos adequados
entre uma sessão de treinamento e outra. Sem descanso não pode haver
progresso, pois os ganhos da sessão anterior de treinos são destruídos
sempre que o processo de recuperação é interrompido por uma nova lesão
nas mesmas fibras. O professor Nuno Cobra é enfático quanto à
importância de se descansar e dormir bem para a melhoria da performance,
orientação referendada por muitos treinadores, como o de Paula Redcliff
– recordista mundial em maratonas, que dorme 9 horas por noite, mais 2 a
3 horas todas as tardes.
Ao primeiro sinal de lesão: pare:
Pare de imediato ao sentir o primeiro sinal de lesão. É melhor ficar
três, quatro ou cinco dias sem treinar – como medida de cautela – do que
amargar várias semanas ou meses de cuidados especiais para a
recuperação de lesões ampliadas pela recidiva. Porém, certas lesões não
impedem a prática de exercícios alternativos como os de natação e de
ciclismo. A natação, aliás, é um ótimo exercício em qualquer tempo pelo
fato de fortalecer músculos que são pouco usados nas corridas e
contribuir para a recuperação dos músculos após as corridas (a pressão
hidrostática da água e a sua temperatura mais baixa do que a do corpo
promovem maior vascularização nos tecidos, acelerando a remoção de
resíduos). Tais cautelas se aplicam também aos de problemas ocasionais
de saúde (gripes, desarranjos, etc.), ou seja, a atitude correta é
interromper os treinos e as competições até o completo restabelecimento.
“Fisgada” é sinônimo de lesão e aviso para parar:
A dor localizada conhecida por “fisgada” (na perna, coxa ou glúteos)
costuma decorrer do desprendimento de fibras musculares (derivada, no
mais das vezes, de esforço excessivo sobre músculos frios ou do cansaço
muscular no final dos treinos), é sinal de que “algo não está bem”.
Quando isso ocorre a providência mais aconselhável é parar,
imediatamente, com o exercício. Porém, não adianta parar por alguns dias
e depois retornar normalmente aos treinos, pois isso poderá tornar a
lesão mais grave. Para adequada recuperação, além de tomar os
antiinflamatórios (receitados pelo médico), fazer os exercícios (de
alongamento e fortalecimento) e realizar as sessões de fisioterapia
(inclusive a aplicação de frio e/ou calor, se for o caso) prescritos, é
preciso retomar os treinos com cautela. Porém, nesse caso, cabe avaliar
com o médico a possibilidade de atividades físicas alternativas
(ciclismo, natação, caminhadas, etc.), que possam ser realizadas sem
comprometer a área lesada, para evitar a perda de condicionamento.
Retorne com muita cautela:
Após um período de interrupção nos treinos (por lesão ou problema de
saúde) não sucumba à tentação de “tirar o atraso”. Ouça seu corpo – você
tem controle sobre como se sente durante e após cada treino – e se ele
pedir mais descanso, descanse ! Se reiniciar com moderação e observar o
devido tempo de repouso entre os treinos, o seu progresso será
consistente, livre de dores desnecessárias, motivador e com pouca
probabilidade de novas lesões. Portanto, mantenha-se disciplinado,
limitando a ampliação de sua “rodagem” semanal e a de sua velocidade
média. Além disso, ressalvado orientação de (experiente) médico em
contrário, pare com os alongamentos enquanto estiver se recuperando de
lesões, sobretudo na fase inicial desse processo. Nessa fase os
alongamento podem retardar o processo de cura por romper tecidos em
formação/ recomposição. Durante tal período substitua os alongamentos
por cuidadosa massagem na área próxima ao local da lesão e pela
aplicação de compressas frias e/ou quentes sobre ela (de um modo geral
as aplicações de frio/calor devem ser feitas 3 a 5 vezes por dia, de 6 a
8 minutos cada).
Não descarte as palmilhas:
Se você sofre de freqüentes lesões nos membros inferiores, derivadas da
prática de corridas, não deixe de considerar a hipótese de fazer
correções nos apoios à sua pisada (“orthotics”). Isso pode ser feito, no
mais das vezes, por meio das palmilhas (entresolas) padronizadas que
são colocadas à venda em casas especializadas (Dr. Scholls, etc.). Cerca
de 75% das pessoas precisam desse recurso para corrigir a pronação de
sua pisada – seja por falta (subpronação) ou por excesso (superpronação)
– ou para propiciar adequado suporte ao pé no caso de arcos muito
pronunciados ou da total falta de arco (pés chatos). A pronação,
lembramos, se refere ao grau de inclinação do pé – para dentro – quando,
durante a corrida, o calcanhar atinge o solo. Mas antes de chegar a
esse ponto convêm verificar se: a) está usando tênis com nível correto
de amortecimento; b) está alternando os lugares de seus treinos de modo a
não correr sempre em pisos muito duros; c) está alternando pelo menos
dois (três, se possível) pares de tenis de diferentes tipos e marcas
(para ensejar que seus pés alternem as suas áreas mais pressionadas); d)
está fazendo os exercícios de musculação necessários para fortalecer os
músculos fundamentais.
Fonte: http://www.calendarioamigavel.org/diversos.htm
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