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Dicas de Ouro para Corredores
Compiladas
por Osvaldo Maldonado Sanches Atleta vinculado à ABRAVA e ABRAM |
Parte 9 - Cuidados Antes, Durante e Depois da Corrida
Seus pés merecem cuidados especiais, em particular antes das corridas longas -
Como ressaltamos na Parte III das Dicas, os pés e as pernas são os
“equipamentos” mais importantes para as suas corridas. Portanto, cuide
sempre muito bem dos seus pés. Esse cuidado deve ser ampliado na semana
que antecede uma corrida longa. Durante esse período dê a eles um
tratamento especial, aplicando, todas as noites, antes de dormir, uma
leve camada de vaselina (ou de creme hidratante) em seus pés, sobretudo
nas partes em que existam calosidades ou trincas e vista meias macias e
folgadas. Após esse tratamento a pele dos seus pés ficará bem amaciada e
lubrificada, dificultando a formação de bolhas e/ou ferimentos pelo
repetido atrito com o tênis durante a corrida.
Inicie devagar e termine com desaquecimento:
Procure iniciar a sua corrida com uma caminhada, seguida de
alongamentos e de um período de 5 a 10 minutos de trote lento. Essa
orientação é fundamental para o aquecimento e alongamento dos músculos,
preparando-os para os exercícios subsequentes. Sempre que possível
termine a sua sessão com 5 a 10 minutos de corrida lenta e/ou caminhada,
para eliminar os resíduos acumulados nos músculos e para baixar
gradualmente os batimentos cardíacos. Por razão similar, evite começar
as corridas longas com ritmo intenso (salvo no caso de atletas de elite
ou muito bem treinados e aquecidos). O recomendável, nesse caso, é
correr os primeiros três km a uma média de velocidade que esteja 10 a 15
segundos abaixo de sua velocidade habitual para aquele tipo de corrida
(meia maratona, maratona, etc.). Isso permitirá que o corpo se aqueça
gradualmente até atingir um ritmo sustentável (as endorfinas só agem
depois de 15 a 18 minutos de exercício) e preserve os estoques de
glicogênio para uso na etapa final da prova.
Durante provas mais longas siga estratégias consolidadas:
Como orienta Ayrton Ferreira, durante provas de percurso longo (mais de
10 km) três elementos devem estar presentes na estratégia do atleta:
autoconfiança, tática e ritmo. A autoconfiança, ou atitude mental
otimista, propiciada pelo adequado treinamento (por tempo suficiente e
com intensidade apropriada) e pelos demais cuidados observados (na
alimentação, repouso e seleção do equipamento). A tática, abrangendo a
realista fixação dos resultados pretendidos (compatível com o nível de
preparação do atleta) e a definição da conduta a ser observada em cada
uma das várias etapas da corrida (aquecimento, inicial, intermediária,
final e pós-corrida). O ritmo, cuja amplitude deve ser feita em relação a
cada etapa da corrida de modo a obter transições suaves de uma etapa
para outra e que o ritmo fixado para a etapa intermediária (que deve
compreender 70% a 80% do percurso) possa ser mantido quase uniforme
durante o trajeto e que o ritmo (mais lento) adotado para os primeiros
quilômetros favoreça o aquecimento gradual do corpo e a obtenção de um
estado de corrida econômica.
Esteja no controle de seu ritmo e preste atenção às mensagens do corpo:
Em treinos ou competições de longas distâncias (10 milhas, ½ maratonas e
maratonas) fique no seu ritmo habitual, ou seja, naquele para o qual
você se acha preparado. Se não estiver disputando as primeiras
colocações, inicie em ritmo bem confortável até que seu próprio corpo se
mobilize para ritmos mais elevados. Essa estratégia lhe renderá frutos
na segunda metade da corrida, ocasião em que muitos ficam pelo caminho.
Além disso, mantenha-se atento às mensagens que o corpo lhe envia sobre a
situação dos seus sistemas (digestivo, circulatório, locomotor,
térmico, energético, etc.) para poder detectar, em tempo, sinais de que
algo não está bem. Isso ocorre, por exemplo, quando uma “dorzinha” numa
articulação, músculo ou ligamento começa a se tornar persistente ou
quando o atleta, após devido aquecimento, se sente sem energia para
correr e encara essa atividade como “penosa obrigação” e não como prazer
(as corridas, embora cansativas, devem trazer prazer ao praticante).
Quando isso não ocorre, é porque há algo errado no programa de treinos.
Porém, correr com algum desconforto é normal. Em certos dias, nosso
corpo tentará nos influenciar – por compreensível comodismo – no sentido
de não correr. Nesse caso, siga a técnica de JAMES FIXX: “vista a sua
roupa de corrida, calce o seu tênis e mude a sua meta para “apenas
caminhar”. Se você estiver bem, depois de caminhar algumas centenas de
metros a vontade de correr irá aparecer.”
Use técnicas apropriadas para comer e beber durante a corrida:
Muitos atletas, sobretudo os iniciantes, enfrentam dificuldades para
beber e comer durante a corrida. Embora isso não seja problema nas
corridas curtas, torna-se problemático nas corridas mais longos pela
perda de tempo que impõe a tais atletas. No caso da hidratação, uma
técnica que dispensa a parada do atleta para ingerir água sem engasgar é
a de realizar apenas um pequeno furo no copo de água, viabilizando a
ingestão do líquido, em pequenos goles, sem parar de correr. No que se
refere à reposição energética, essencial em provas com mais de uma hora
de duração, existem três hipóteses básicas: a) utilização de compostos
sob a forma de líquido, pasta ou barra (nutri, powergel, powerbar,
etc.); b) utilização de frutas de elevado teor energético (uvas,
bananas, passas de uva, figo, etc., c) utilização de castanhas e outros
tipos de alimentos. No primeiro caso, a reposição deve iniciar após 40
minutos de prova (seus efeitos só ocorrerão após cerca de 20 minutos da
ingestão) e ser repetida a cada 30 a 45 minutos de prova (dependendo da
intensidade do esforço), de preferência de modo a coincidir com os
postos de água. Nos demais casos, em que a conversão dos alimentos em
energia será mais lenta, iniciar após 30 minutos de prova, comendo pouco
e com maior freqüência. Em qualquer caso, a ingestão dos alimentos deve
ser proporcional à massa corporal do atleta.
Após a corrida a prioridade é comer (carboidratos e proteínas). Beber e refrescar-se, só depois:
Essa cronologia é fundamental pelo fato de que ao cessar o exercício a
insulina (que controla o nível de açúcar no sangue), se torna
particularmente sensível. O pico dessa “sensibilidade” ocorre por volta
dos 18 minutos após o término do esforço. Assim, se o organismo receber
carboidratos e proteínas durante esse período, a insulina promoverá a
rápida conversão dos carboidratos em glicogênio (necessário ao
reabastecimento dos músculos com a sua fonte principal de energia) e das
proteinas em substâncias reparadoras (que atuarão sobre os danos
musculares ocorridos com o exercício). Desse modo, ao mesmo tempo em que
se combate a sensação de fraqueza que costuma se seguir ao término do
exercício, se evita que o organismo destrua tecidos em formação
(reparação ou reconstrução) para atender suas necessidades imediatas de
energia. Importa observar que a ingestão de algum alimento (ou
suplemento alimentar) durante a corrida não dispensa a ingestão de
outros alimentos, em especial os ricos em proteínas, após o término do
exercício.
Treinar é bom, mas descansar é fundamental: Ressalvado o caso de atletas jovens ou de elite (sob orientação médica), recomenda-se que se corra apenas “dia sim, dia não”, pois o intervalo de 36 a 48 horas é essencial para que o corpo se recupere do treino anterior. A ciência tem provado que a falta de descanso: a) sobrecarrega o corpo e compromete sistema imunológico (aumentando o risco de infecções respiratórias); b) afeta as funções cognitivas (dificultando a concentração, gerando ansiedade e afetando o sono); c) acelera o comprometimento de ligamentos e músculos (facilitando lesões). Assim, quando se corre muitos dias seguidos, ainda que lentamente, não se propicia o repouso necessário à restauração muscular. É por tais razões que Jeff Galloway, conhecido técnico nos EUA, observa que o descanso é tão importante para o sucesso quanto os treinos e propõe que ele seja regido por três regras: a) descansar antes de ficar exausto (se não o fizer a necessidade de descanso será maior); b) em caso de dúvida, descansar mais (em especial nos dias que antecedem corridas difíceis); c) não se iludir com “treinos fáceis”(qualquer “corridinha” impede que o corpo se recupere dos treinos fortes). A escala de descanso deve respeitar as seguintes normas: 1) atletas com até 30 anos: no mínimo um dia por semana; 2) atletas de 31 a 45 anos: dois dias por semana; 3) atletas de 46 a 55 anos: três dias por semana; 4) atletas de 56 a 67 anos: dois dias de descanso para cada dia de treino; 5) atletas de mais de 68 anos: três dias de descanso para cada dia de treino.
Fonte: http://www.calendarioamigavel.org/diversos.htm
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